sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A técnica não substitui a política

Habitualmente alguns governantes cometem o erro de acreditar que propostas com qualificação técnica substituem a política. Nada substitui a política! Traduzindo em miúdos, muitas vezes os governantes acreditam que propostas elaboradas por uma equipe técnica altamente qualificada são inquestionáveis, tanto por parte dos eleitores como, e principalmente, por parte dos opositores.

Esse erro pode ocorrer em qualquer situação. Esse erro pode ocorrer tanto durante a instalação de um novo governo, como durante um mandato ou no período de uma campanha eleitoral, e suas conseqüências podem ser desastrosas.

Antes de tudo, é preciso ressaltar que a técnica não é algo dispensável aos administradores públicos. Muito pelo contrário! Em tempo de escassez orçamentária, a técnica de diagnóstico e de gestão das receitas públicas é algo indispensável. O equilíbrio das contas públicas entrou para o vocabulário e o cotidiano dos governantes.

Na década passada, foi realizada uma série de reformas no modo de gerenciar as finanças públicas. Isso culminou na Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limites para despesa pública e para os endividamentos dos governos, entre outras coisas. Com todos esses limites, o planejamento realista e a gestão dos recursos públicos, tornaram-se peças indispensáveis para qualquer governante, independentemente de sua posição partidária ou ideológica.

No momento que a escassez orçamentária tornou-se uma realidade fundamental, a forma como enfrentar essa mesma realidade está longe de ser um consenso. É da natureza da atividade política, desde a Antiguidade, a polêmica em torno da administração da coisa pública.

Com o passar do tempo, a natureza da política não foi modificada, ou seja, não se criou uma forma de administrar a coisa pública que seja reconhecida por todos os segmentos da sociedade.

Mesmo quando os governantes adotam técnicas científicas, próprias da administração de empresas privadas, e demonstram matematicamente a impossibilidade de outras medidas, a mediação política não é dispensável. E mediação política não se faz com apenas números e tabelas, mas com argumentos políticos.

Resumindo, mesmo a solução que contenha os melhores embasamentos técnicos, necessita de mediação política, para que o governo não fique isolado. Em outras palavras, a consistência técnica é fundamental para os governantes modernos, mas a habilidade política continua a ser imprescindível.

Portanto, em política não dá para se “reinventar a roda”. Então, algumas bobagens tipo “refundar” o Fluminense podem ser encaradas como um mera retórica do discurso. Mas, do discurso mal feito. Do mesmo frágil discurso que pretende ser mais técnico do que político. A roda não tem como ser “reinventada”. E nem o Fluminense tem como ser “refundado”.

Saudações Tricolores

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