domingo, 8 de dezembro de 2013

Os "guerreiros tricolores" da Laudímia Trotta


Em contato com a professora Márcia Hantun – responsável pela Sala de Leitura –, resolvi doar para a Escola Municipal Laudímia Trotta, na Tijuca, um exemplar de cada um dos dois livros de minha autoria: “Carioca de 1971: a verdadeira história da vitória da Selefogo alvinegra” e “1952 Fluminense Campeão do Mundo”. O único livro sobre futebol que a escola possuía era um exemplar do rubro-negro Ziraldo. Agora, viramos o jogo: Flu 2 x 1.

Professores, professoras e todos os profissionais da educação são verdadeiros “guerreiros”. Como diria Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”E muitos dos profissionais da educação – como milhões de brasileiros – possuem a paixão por um clube de futebol.

Tendo conhecimento que entre os profissionais da educação da Escola Laudímia Trotta existem vários torcedores do Fluminense, resolvi homenageá-los e ouvi-los. Abaixo, segue uma pequena entrevista realizada com alguns deles sobre a sua relação com o Fluminense.



Leonardo Guilherme


Leonardo Guilherme Cebrian Montresor, 44 anos, mora no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro. Leonardo é agente de administração da Escola Laudímia Trotta e está desde 1998 no município do Rio.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: O motivo que me fez mais ser tricolor – até porque todos os fatores colaboraram para isso – quando andava na rua, a primeira vez que eu bati o olho em todas as camisas, dos cinco grandes do Rio, incluindo o América, a camisa que mais me chamou a atenção foi do Fluminense. Quando criança o meu vizinho perguntou – eu aprendi a ler cedo: “Você quer uma revista para ler? Você gosta de ler?” “Gosto”. “Toma pra você”. Foi a Revista do Fluminense inclusive. Fora isso, ainda tinha o meu pai mesmo. O meu pai que era tricolor. O meu avô era tricolor também. Embora, nenhum dos dois tenha forçado muito. E na época era o melhor time. Eu comecei a acompanhar futebol em 75. Era a chamada Máquina Tricolor.



Conte uma partida ou conquista memorável:

Resposta: A sem dúvida foi do... teve duas no caso. Uma foi que eu ouvi em casa. Quando eu já ia desligar o rádio, quando o locutor grava: “Quarenta e cinco e quinze...” Eu já ia meter o dedo pra desligar, ele fala: “Bola para Assis, penetrou, vai marcar, apontou, atirou é gol!” Aquela eu fiquei em silêncio. E outra foi à final de 85 com o meu pai. Eu fui com mais de 38 graus de febre assistir aquele jogo. A cobrança de falta do Paulinho foi uma coisa... Eu acompanhei a bola entrando. E depois ainda teve aquele lance... Que eu olhava para o placar eletrônico e marcava 45 minutos. Daqui a pouco eu vejo um silêncio e quando olho tinha um cara caído no chão, dentro da área. A jogada seguiu pra frente. E detalhe: no que seguiu tinha sido até gol. Seria até o terceiro gol.



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: Eu tive vários ídolos sem dúvida. Mas o principal deles foi o Assis. Aquele ali amigo, eu não tinha como ter medo de ir em Fla-Flu naquele jogo. Ele acabava com a raça ‘deles’. Sem dúvida.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Uma das coisas mais maravilhosas do mundo. A gente sabe que nada é fácil na vida pra gente. Mas eu vou mandar até uma mensagem pra torcida agora: “Eu acho que novamente a disputa da vaga agora está entre nós e o Coritiba. Porque o Vasco já foi pra vala. Vocês podem considerar levando-se em conta que ele vai enfrentar uma equipe que disputa uma vaga pra Libertadores. Eles e o Goiás. Estão pau a pau. Diferença de dois pontos. Afrouxar este jogo, ele (Atlético-PR) não vai”.  






Marcos André



Marcos André Reis de Amorim, 48 anos, morador da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Marcos é professor de História no Município, Sociologia no Estado e Filosofia no Ensino a Distância.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Meu avô chegou na idade certa com a bandeira, uniforme e eu virei tricolor por causa dele. Meu pai era Vasco. Não gostou nem um pouco, mas respeita a minha escolha.



Conte uma partida ou conquista memorável?

Resposta: Bom, a última conquista foi o Campeonato Brasileiro do ano passado. Mas eu não achei com muita graça, não. O momento que eu comemorei bastante foi a Copa do Brasil de 2007. Foi um momento que eu vibrei bastante. Me lembro de ter ido pra rua encher a cara.



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: O ídolo da minha adolescência foi o Edinho. Foi a três Copas do Mundo. Um dos grandes zagueiros da história do futebol. Era o meu ídolo quando eu ia mais ao Maracanã. Que eu ia a todos os jogos, dia de semana, de noite, Fluminense e Bonsucesso. Todos os jogos eu ia do Fluminense. E nessa época o meu maior ídolo era o Edinho.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Eu tenho um orgulho enorme de ser Fluminense. Eu me identifico com o espírito do Clube. A gente não faz questão de ter uma torcida gigantesca. E acho que nem é bom ser grande demais também. Eu gosto de ser até elite. Eu acho bonito isso. Acho que combina comigo. E eu sei que tenho excelentes companhias tricolores também que pensam como eu. Me identifico com a filosofia do Clube. E as cores também. Eu acho muito bonita as cores. E a História do Clube também é muito bonita.   






Paulo Sérgio



Paulo Sérgio Alves tem 51 anos e é morador do bairro do Cachambi, Zona Norte do Rio de Janeiro. Paulo é um dos responsáveis pela limpeza da escola.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Amor acima de tudo! Fluminense é paixão! Amor. É tudo isso.



Conte uma partida ou conquista memorável.

Resposta: O gol do Renato Gaúcho de barriga em cima do Flamengo.



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: É Assis.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Tudo! (risos)  





Armando Siqueira



Armando Siqueira Almeida, que tem 49 anos e mora no bairro da Vila da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Armando é o porteiro na escola.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Orgulho de ser Tricolor. Minha família toda é tricolor. Sou tricolor de berço.



Conte uma partida ou uma conquista memorável.

Resposta: O gol de Romerito contra o Vasco.



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: Romerito.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: É uma paixão! Uma doença. É uma coisa maravilhosa ser tricolor.




Magda Labecca 



Magda Labecca Halfeld Vilarde tem 45 anos e é moradora da Tijuca. Magda é professora de Geografia.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Por influência do meu marido.



Conte uma partida ou conquista memorável.

Resposta: O gol de barriga do Renato! (risos)



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: Conca!!! E o do coração, como é que ele se chamava... Washington. Washington e o Conca.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Elite. Orgulho. E ser carioca.   





Marcia Maria 




Marcia Maria Rezende de Azevedo, 51 anos, moradora da Tijuca. Marcia é professora da Matemática.   


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Meu pai é Fluminense. Então de nascença.



Conte uma conquista ou vitória memorável.

Resposta: 1995.



O ídolo que você mais gosta?

Resposta: Renato Gaúcho.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Saber que é pó-de-arroz...





Leonardo Trotta



Leonardo Monteiro Trotta, 40 anos, morador de Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Leonardo é professor de Artes.



Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Bom, é uma história um pouco longa. Meu pai é Fluminense. E um dos meus tios é Fluminense. Na verdade, o meu avô veio da Itália, em 50 ou 51. São cinco irmãos. Dois já tinham nascido na Itália. O meu pai e o segundo irmão da família. Meu avô quando chegou aqui escolheu o Flamengo. E esse tio que vivo na época também. Meu pai criancinha tinha escolhido o Vasco. E a família foi crescendo. Meu pai frequentando o Maracanã desde aquela época. O Maracanã de 50. E se apaixonou depois pelo Fluminense. Foi inteligente, percebeu que podia ser feliz. E aí, meu pai e o irmão mais novo – influenciado pelo meu pai – se tornaram tricolores. E o resto da família toda é Flamengo. E a gente tem a família hoje, metade da família italiana é Flamengo, metade é Fluminense. Eu acho que até, as pessoas tem o Flamengo como inimigo mortal, mas eu acho que é mais coerente do que se fossem vascaínos ou botafoguenses. A raiz no fundo, né... Se perguntar pra mim, não é o meu inimigo principal. Mas então, sim, foi por influência de pai. Eu sou tricolor, a minha irmã, meu irmão ‘muito’ tricolor. Todo muito tricolor. Minhas filhas são tricolores hoje. E espero que continuem.    



Conte uma partida ou conquista memorável.

Resposta: Vou contar a partida que me chancelou como tricolor. Porque criança, você tem sempre uma. Foi a partida de 83, gol do Assis, aos 45. Meu pai não foi a esse jogo. Estava numa fase assim meio descrente. Esse tio meu – irmão mais novo – me levou. Fomos nós dois. A gente ficou no último degrau, não tinha mais lugar. Eu era moleque, tinha 9 anos, pequeno. E o jogo rolando, a gente precisando ganhar. O jogo rolando, a gente precisando ganhar. Meu tio aos 35:“Léo, vamos embora, não vai acontecer mais nada”. E eu: “Não. Vamos ficar que vai. Vamos ficar que vai!” E saiu aquele gol. Esse gol é o gol, que me fez mesmo falar: “É isso!” É o momento mais importante da minha vida como tricolor.



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: Não tenho um. O momento mais importante foi esse que eu te falei. Mas se eu tivesse que escolher um dos jogadores que eu vi no Fluminense, ia escolher Romerito.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Rapaz assim... É uma pergunta... Eu acho que é a pergunta mais difícil que você fez. É uma das coisas que dão sentido a minha vida. Eu com as minhas filhas. A minha família. A profissão que a gente escolhe. Porque é uma profissão que eu gosto de fazer. E acho que ser Fluminense é... De certa maneira – vamos esquecer este momento – é o que dá sentido a minha vida, no meu cotidiano.   





Marcos Lima



Marcos Rodrigues Ornelas de Lima, 31 anos, morador da Tijuca. Marcos é professor da Geografia da rede privada e pública do Rio de Janeiro de ensino médio e fundamental.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Influências. Primeiro, por influências familiares. Meu pai é um tricolor ferrenho. Inclusive, catequizou vários primos, conhecidos, para se apaixonarem também pelo Fluminense. Naquele processo de levar pra ver jogo, levar na sede do Clube. Então, a princípio foi isso. E ao longo da vida foi em função da identificação com o Clube.



Conte uma partida ou conquista memorável;

Resposta: Pô, uma conquista memorável, eu estava na escola ainda, guri. Em 1995, o título do Campeonato Estadual. Com o lendário gol do Renato Gaúcho de barriga. Saindo na segunda-feira, no dia seguinte, inclusive o comercial do jornal de uma churrascaria aonde que ele conseguiu aquela ‘barriguinha’. E até porque, foi contra os ‘homi’. O maior rival do time. Então, é a primeira conquista assim, que eu tenho do Fluminense na minha cabeça. Aquela coisa de: “É isso! É o time! E é pra sacanear os outros. Sentir prazer em ver o seu time vitorioso”. Foi em 95.   



O ídolo tricolor que você mais gosta?

Resposta: Pô, o ídolo é difícil, né... Que o ídolo, tem os ídolos que eu não acompanhei. Dos ídolos que eu não acompanhei tem o Castilho, que tem uma história sensacional. Dos ídolos que eu acompanhei, tem algumas figuras. Tem os mais recentes. Thiago Silva, até porque, acho que de ter acompanhado mais intensamente o Fluminense. Foi justamente na campanha da Libertadores. E a liderança que ele exercia no time. Tem... quem mais tem... tem um figura que, não é um ídolo nem um função do futebol, até porque era pequeno o futebol dele. Mas que era um figura que morava em Campo Grande. E na época eu era de Campo Grande, que era o Rogerinho. Que era um cara assim: “O universo do jogador de futebol que era próximo, que estava junto”. Que também ajudou a conseguir pequenos tricolores pro time. Acho que são esses.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Pô, pergunta difícil, hein... É ser um apaixonado pelas três cores. Pela história do Clube. Reconhecendo os capítulos negros na história do Clube. A história do pó-de-arroz. Mais, acho que o futebol não tem muito essa explicação racional. Envolve uma dimensão subjetiva que você não sabe explicar o certo, porque, né. Como uma esposa. Por que você é apaixonado pela sua esposa? Porque ela tem afinidade comigo. Porque ela tem uns traços que eu gosto”. Futebol não dá muito pra gente falar assim: “Eu sou apaixonado pelo Fluminense porque ele tem três cores”. Mas tem tantas outras três cores, que acho que é mais uma coisa do inexplicável, do imponderável do Nelson Rodrigues. 




Surama




Surama Neves Moreira, 38 anos, moradora do bairro do Cachambi. Surama é Coordenadora da Escola Municipal Laudímia Trotta10 anos.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Eu acho que é por causa dos meus pais. Meu pai que era Fluminense. E aí a gente cresceu, eu e a minha irmã, como Fluminense.



Conte uma partida ou conquista memorável.

Resposta: 1995. Quando ele foi campeão. E todo mundo colocava camisa do Fluminense lá em casa.



O ídolo tricolor que você gosta?

Resposta: Olha é complicado... Rivelino.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Em respeito ao meu pai. Amar o meu pai. E respeitar o meu pai. Acho que talvez por isso eu me mantenha Fluminense.






Márcia Hantun



Márcia Hantun Ferreira da Rocha Gazal, 53 anos, moradora da Tijuca. Márcia é a professora responsável da Sala de Leitura e está na Escola Laudímia Trotta 27 anos.


Por qual motivo você é Fluminense?

Resposta: Por opção. Eu pertencia a outro time, que a família sempre dá. Você herda. Mas depois você começa a conviver com uma pessoa que é Fluminense. Começa a ir aos jogos do Fluminense e acaba simpatizando com a torcida. E aí vai se identificando. É por identificação mesmo.



Conte uma vitória ou conquista memorável.

Resposta: Olha não foi nem a vitória. Foi a Copa Libertadores que o Fluminense não chegou a fechar, mas que eu posso falar que a vitória foi nossa. Ali foi muito comemorado apesar do resultado final não ter sido ao nosso favor.



O ídolo que você mais gosta?

Resposta: Era o Conca que deve estar voltando agora.



Para você o que significa ser Fluminense?

Resposta: Pra mim ser Fluminense significa fazer a diferença.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

OBRIGADO PELO COMENTÁRIO! SE QUISER PARTICIPAR DE NOSSOS EVENTOS, SORTEIOS E BOLETINS, BASTA ENVIAR UM EMAIL PARA A CONTA CIDADAOFLU@GMAIL.COM