Não costumo defender o jogador Fred. Muito menos é o intuito deste texto. Reconheço seu valor como jogador de futebol e artilheiro. Mesmo sendo ele o número nove do Fluminense, o meu clube, não estou entre os fervorosos fãs do jogador. Sou um associado crítico a certos comportamentos que não condizem com uma instituição que já foi modelar e fascinava pela sua disciplina.
No entanto, não posso compartilhar e silenciar-me diante de algumas coisas que leio por aí. Principalmente, as que maculam a história da Seleção Brasileira e induzem as pessoas ao erro.
Realmente, a internet é um espaço onde qualquer um escreve qualquer coisa. É só escrever e pronto. Mas de vez em quando é recomendável uma pesquisa básica.
No site UOL, Fernando Duarte - imagino que seja jornalista -, escreveu uma matéria que foi publicada no dia 18 de junho. A matéria é intitulada: "Mais um jogo sem gols fará de Fred o pior centroavante do Brasil em Copas". Esta informação está errada! E informação errada como se chama? Desinformação? Se o Fred ficar mais um jogo se marcar gols, "ele não será o pior centroavante do Brasil em Copas".
Quando "Fernando Duarte afirma" o que escreve em seu texto, "observa-se que faltou conhecimento sobre a história da Seleção Brasileira". Do contrário, seria fácil saber que o nosso magnífico e saudoso "Vavá, o Leão da Copa", passou por momentos muito piores do que Fred.
É importante lembrar que, Vavá em 1962, era jogador da Sociedade Esportiva Palmeiras. E mesmo assim era muito criticado por parte da imprensa paulista que fazia pressão pela entrada de Coutinho (o parceiro de Pelé no Santos) no time de Aimoré Moreira. Nos jogos pré-Copa, em 62, bastava Vavá entrar em campo no Pacaembu para ser vaiado. Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, Vavá passou por um jejum de gols pior que o de Fred (pelo menos por enquanto). Vavá "disputou todos os seis jogos" da conquista do bicampeonato mundial, em 62.
O Brasil estreou na Copa de 62 contra o México e venceu por 2 a 0, gols de Zagallo e Pelé. Na segunda partida, um empate de 0 a 0 com a Tchecoslováquia. No terceiro jogo, o último da primeira fase, o Brasil venceu a Espanha por 2 a 1, com dois gols de Amarildo. Neste período sem gols, uma parte significativa da imprensa brasileira - principalmente a paulista - clamava para que Vavá fosse barrado do time titular. Vavá passou "a primeira fase inteira sem marcar gols" na Copa de 62.
O centroavante Vavá, que disputou o torneio com a camisa número 19 - o número nove era Coutinho - só marcou seu primeiro gol na Copa de 62 no quarto jogo, nas quartas-de-final, contra a Inglaterra, na vitória de 3 a 1. Vavá marcou o segundo gol do Brasil aos oito minutos do segundo tempo. Ou seja, Vavá demorou 323 minutos para marcar seu primeiro gol na Copa de 62. Vavá ficou os três primeiros jogos, o primeiro tempo do quarto jogo e os oito minutos iniciais do segundo tempo do quarto jogo, sem marcar gols na Copa de 62. O Fred, por enquanto, está 180 minutos sem marcar gols na Copa de 2014.
Na partida seguinte, o quinto jogo, na semifinal contra o Chile, Vavá marcou dois gols na vitória brasileira de 4 a 2. No sexto jogo, a final, Vavá marcou o último gol da Copa na vitória do Brasil por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia.
Portanto, afirmar que "mais um jogo sem gols fará de Fred o pior centroavante do Brasil em Copas", está errado. Pelo menos por enquanto. Se o Fred ficar "mais um jogo" sem gols, ele completará 270 minutos sem estufar as redes, que ainda será um número inferior ao do bicampeão mundial Vavá. É só fazer as contas matemáticas dentre os números aqui expostos. Se o autor do referido texto acredita que Fred está mal, deve ser barrado, ou qualquer outra coisa, isso é outro assunto e pouco importa neste texto. Pois como foi dito anteriormente, não vai aqui nenhuma defesa ao jogador. Apenas em relação à história da Seleção Brasileira. Ela não merece ser escrita de qualquer maneira. Isto sim é deprimente.
Um texto e alguns equívocos:
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